segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Eu sou o contexto.

Pelo menos nesse instante meu quarto é uma poesia.
Tem aquelas luzes natalinas nas paredes. Não acendi as que iluminam meus livros.
Minha irmã me deu seus livros antigos, que estão em caixas abertas no chão. Acendi uma vela. Silverchair toca sobre sonhos suicídas e eu não quero dormir na minha cama, nem na de ninguém. E não tenho certeza se quero acordar, mas não pelo desejo de morrer, se é que isso faz sentido.

Barulho de mar, vento forte e fresco no rosto, dedos que procuram a parte certa da grama para se arrancar com um pequeno prazer delicioso. Essas são minhas vontades mais fortes do que dormir e estão todas dançando nesse quarto, tornando ele como é.

Tudo dizendo que não tenho jeito mesmo, que sou uma sonhadora que não é desse mundo e que jamais vou achar meu lugar. Pois ele não existe. Tudo que vejo eu que me obriguei a criar.

Quase duas da manhã e, desde que acordei, já passei por tudo quanto foi sentimento.

Fiquei contente por ter lido um livro absolutamente especial e com o quanto ele sou eu.
Fiquei brava com o cachorro que não parava de latir e porque quebrei mais um copo.
Senti como é amargo gostar de quem jamais saberá que você existe, e doce por me contentar com um sorriso dele.
Estive triste pelo dia passar e eu ter ficado aqui. E feliz por não ter visto ninguém que não fosse minha família.
Pensei num monte de bobagens, bobagens boas e ruins e não ouvi música de qualidade duvidosa, nem feliz. Smiths de novo.
Tive pânico por não saber ainda o que farei depois da escola e de medo do meu pai morrer, mesmo que ele esteja bem. Tenho mais medo ainda que possa acontecer no meu aniversário, como foi com a Keury. Vai fazer um ano quando eu fizer 17. E sempre tenho vontade de chorar com isso.
Porque eu soube que ela morreria, mesmo sem saber.
E porque eu sei que sou a única que vai lembrar disso e dela para sempre.

domingo, 23 de dezembro de 2012

Sinto uma espécie de raiva quando tudo parece ter uma imagem especial.
Um personagem de um livro passa, instantaneamente, sem querer, a ser ele.
Fico muito brava por não conseguir me controlar quanto a isso, justamente porque o amo, e eu não suporto isso.

E também muito feliz, porque é a única forma de tê-lo perto de mim.

sábado, 17 de novembro de 2012

Carta

Faz tempo que eu quero saber como é ser você. Como é, o tempo todo, sentir doer e nunca ir embora de si mesmo. Mas uma vez você me disse que partiu de si mesmo. Eu também já. Mesmo que eu não saiba bem como é isso.

Quando estou no metrô, penso no que você está fazendo. E em como seria se você estivesse comigo. Às vezes eu queria ficar um dia inteiro na tua cabeça.
Sinto que nunca fui quem eu queria ser. Sou várias poses. Eu até me adapto bem ao ambiente. Mas eu não sei...

Todos meus sonhos estão se desfazendo de uma forma estranha. E eu me tornei algo muito sujo que pensei que nunca me tornaria. Hoje a gente julga o jeito de agir mas amanhã a gente age igual. Tem uma garota na minha sala que eu gostava de chamar de puta. Hoje eu não falo mais nada. Me calei da pior forma que pude.
Eu penso também em que tipo de mãe eu queria ser. Mas eu não sei onde isso vai. Tudo o que eu amo vai embora. Ou eu mato. Você quis ser pai?

Eu queria saber quem sou. Eu queria sentir tua respiração. Eu queria ser todas as histórias do mundo, e é por isso que eu leio. É por isso que dói. As pessoas acham a coisa mais linda do mundo eu ler, Isma, mas dói. É a coisa mais triste do mundo.

domingo, 4 de novembro de 2012

Como vim parar aqui?

Hoje eu posto de um lugar diferente, sem um pedacinho do meu corpo e com pedaço da minha alma igualmente rompida. Agora é diferente e as coisas só ganham significado quando eu as trago para cá.

Também quero dizer antes de começar, que hoje escrevo sem ler nada do que é dele.



"Como saber se tenho um sangramento interno?"
"Dá para sentir", ele respondeu.

Não, não estou sangrando. É só que hoje uma lembrança do que era ele voltou. Eu tive vontade de vê-lo mais uma vez. Mas já passou. Eu pensei que meu antigo sangramento não ia parar nunca, mas parou. O dele nunca para de sangrar. Eu sabia fazer minha dor passar. Ele nunca vai achar a própria resposta. Só ele existe.

Sou meus próprios bocejos cansados e preguiçosos. Continuo lamentando quando acordo, e isso é até certo ponto, preocupante. Mas nada realmente importa. Perto da imensidão do universo, faz realmente diferença se eu levantar daqui ou não?

Tenho alguns ataques muito curtos de pânico quando vejo que não sei o que será de mim. Não sei se realmente é pânico, pois dura segundos. Mas em mim não passa tão fácil.

Agora é diferente. Eu não sei se sangro, porque não dói mais (será?). Agora é diferente. Os livros fizeram de mim algo muito outro do que eu era. Até meu amor por livros mudou. Porque até o amor dentro de mim, mudou.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Metade azul.

Eu quis voltar, só não sabia como. Quanta coisa aconteceu... Mas contar o que?
Que Newton fez de mim apenas mais uma? Que sou engolida pelo tempo? Que tenho cada vez mais raiva de pegar ônibus? Que esse foi o inverno mais quente que existiu pra mim? Malditas árvores de que não tem mais.
Minha mãe perdeu a irmã e agora cuida de mais um filho que não teve. E me fizeram perceber que ela não recebeu abraços meus. Nem de pêsames, nem de parabéns. Nem de nada.

Mateus e eu ficamos longe fisicamente aos poucos. E dói quase que fisicamente, também. Mas ele é minha maior prova de que estar perto não é físico.

E estar longe também não. Porque eu parti do meu namoro. Não gosto de deixar ninguém falando sozinho, mas faço pior. Eu os deixo sentindo sozinhos.

Agora espero ter espaço pra crescer. E Luminiscência, muita, muita.
Porque o garoto da outra metade é tudo que eu não sou. E isso me admira, me atrai, me quer. Porque ele é a parte boa de todas as coisas que eu nunca quis ver.
Ele me faz querer viver, por mais contraditório que isso seja saindo da minha boca.
E ele faz silêncio.
E um barulho enorme em mim, enorme.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Ygor,

Tudo começou com uma pergunta.
"Allana, no que você acredita?"

E aí quantas perguntas surgiram? Quantas confissões? Quantos pensamentos que os filófosos tentam responder há séculos? Quantas existências, quanto Deus inexistente, quanta vontade de morrer...

Perguntas que não pararam de vir, dor que nos tomou tanto que nem o que era pra ser foi.
Eu não sei o que você fez, nem como está agora.

Eu só continuei fingindo. Escrevi "deliverance" no pulso outra vez e tive vontade de chorar no banheiro igual a você.

Estou tentando desenhar o mapa da minha cabeça para tentar saber quem eu sou, mas eu sei que hoje só existe nós.

Nós cegos em nossas cabeças e nós dois.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Eu de longe, tão longe que nem parece eu.

Quem fala comigo hoje só sabe quem sou de 4 anos para cá. Engraçado como tudo de lá pra cá mudou.
Estou falando sobre uns quatro anos atrás, quando ser eu era uma coisa muito diferente do que é agora.
Sobre quando a internet era outro mundo, quando eu habitava esse lugar com amor, ouso dizer.
Hoje fiquei pensando nas pessoas que me faziam voltar sem que eu precisasse estar apaixonada, precisando falar com alguém ou para estudar.

Candy Lima e Kimmy Convulsion. E eu era LannaChemRoman. Acho que nem sabíamos muito umas sobre as outras. Mas eu lembro de seus rostos e o que diziam em seus perfis. Eu as admirei de longe.
Não me lembro de onde uma era. A outra era do RS. A gente dividia sonhos com a mesma banda. Candy chamava Maria Cândida e escrevia fanfics. Kimmy na verdade chamava Jéssica, era baixista numa banda e não usava meias iguais.

Será que o que nos uniu ainda está forte nelas? Será que sobrou algo? Porque My Chemical Romance ainda é minha prioridade. Eu não sei bem como foi que a gente foi embora. E eu sinto falta. Temo que a gente tenha se perdido para sempre.

Logo My Chemical Romance terá dez anos. E aqueles que nós três amamos não são quem eu amo agora. Um deles tem três filhos, dá para acreditar?
Eu não moro mais no interior. Melhor amigo para mim não é mais uma garota. Não me corto mais e agora minha madrasta não é meu monstro. Eu ainda sou esquisita e deslocada, mas de um jeito diferente, de um jeito que faz parecer que não sou mais. Tudo mudou, até meu amor por eles.

Agora só estou congelada. Congelada num quarto muito grande para mim, congelada naquela banda de ternos de veludo e gravatas vermelhas, congelada numa fanfic em especial de Candy. Congelada em Kimmy numa foto de vários posters de coisas que amávamos juntas.

Hoje vou dormir no passado.

terça-feira, 10 de julho de 2012

É como quando a gente procura por alguma coisa feito louco e não acha de jeito nenhum. Fuça a casa toda e não está em parte alguma. Irrita.

É como esperar um toque que não chega. Uma massagem que você pediu e ninguém veio fazer. Quando você vira as costas e espera que alguém puxe seu braço ou quando se encolhe e espera um toque no ombro, um que você jurava que acontecereia, mas não acontece. Dá agonia.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

"Quem já não se perguntou: sou um monstro ou é isso ser pessoa?"

Eu queria escrever alguma coisa
um poeminha que fosse
sobre essa dor chata
de ser quem me tornei.

Eu queria confessar que sorrio menos,
como menos
e choro menos também.
Talvez porque não tenho tempo de ser gente.

Queria dizer também que agora faço tudo o que achava certo,
resolvo tudo mais rápido,
estudo mais
e penso menos em roubo, vômito e matar.

Penso em dormir cedo
penso em livros
aos montes.
Mas não penso em poesia mais não.

Não escrevo no fundo do caderno
não escrevo nos pulsos
não escrevo letras em todo canto
nem escrevo blog.

Eu queria contar
ter tempo e jeito de desabafar
mas essa dor de cabeça não me abandona mais
e a água do café já ferveu.

Sofrer é um encontro
e eu queria sofrer
um tantinho só mais
aqui na alma

Mas aí me deu todo aquele sofrimento que não grita,
aquele sofrimento bem ruim
e eu resolvi que dormir, dormir sem sonhos nem nada
era um jeito de morrer logo dessa agonia.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

-Quem é você?
-Assim como Clarice, sou uma pergunta.
-Qual?
-Não, outra.
-Como assim?
-Também não.
-Que confusão, menina...
-Bastante.
-Só me responda: quem é você?
-Isso! Esta mesma.

Esse blog é uma pena.

É uma pena.
Porque ele nasceu de uma dor, uma dor tão grande que matou uma Árvore (http://arvorequenaotemmais.blogspot.com.br/).

Não era pra ele ser usado nunca, porque eu tinha achado Hopper (http://sobreserhopper.blogspot.com.br/), que também sou eu. Eu não queria que ele tivesse morrido, e estou triste até agora.

Mas aí eu perdi as chaves.

Quanta ironia.