segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Caeiro mandou Pessoa dizer:

Bendito seja o mesmo sol de outras terras
Que faz meus irmãos todos os homens,
Porque todos os homens, um momento no dia, o olham como eu.

E, graças a isso, eu finalmente não vou morrer sem conhecê-los.
O sol que nasce para eles, de tão longe, é o mesmo que nasce para mim.
Da primeira vez que vi o sol, eles já o haviam visto, banhado-se, feito cor.
A química só faltava se juntar. E o pequeno fauno já era gerado.

domingo, 4 de agosto de 2013

Hoje o dia carregava meu nome, assim como existem noites que chamam Gustavo.

Sinto é falta da Bahia, com teus sons de Talavera.
Sinto falta é do Maranhão, correr descalça sem nojo.
Sinto falta é de respirar sem pensar em poluição.
Acho que sinto falta é do Brasil, e Brasil para mim é Nordeste; de toda sensualidade pelo simples fato de ser mulher.
Por mais que eu negue, eu sinto falta é do calor que dá preguiça mas permite deitar na rede sem suar.

São Paulo nem tem cor.
Tem sotaque sem graça.
Só tem cabeça baixa olhando pro celular.
E a preguiça não é boa, não.

Sinto falta é de artesanato, de rua e pele morena quente; aqui minha pele é amarela porque não tomo sol; o sol daqui faz mal.
Gosto mesmo é das minhas histórias lidas com cheiro natural de flor que nem sei o nome, com barulho de um monte de bicho, bicho que canta de graça e pra ninguém.
Grilo e sapo quando cantam, pra mim é silêncio.

Eu gosto é de água, e água salgada.
Eu gosto é de fogo, fogo no céu e na pele.
Eu gosto de ar, ar limpo, cheiroso e com clima.
Eu gosto mesmo é de terra, terra cheia de planta, nua, debaixo da unha, deitar, plantar, fazer poesia, morrer de amor.