sábado, 17 de novembro de 2012

Carta

Faz tempo que eu quero saber como é ser você. Como é, o tempo todo, sentir doer e nunca ir embora de si mesmo. Mas uma vez você me disse que partiu de si mesmo. Eu também já. Mesmo que eu não saiba bem como é isso.

Quando estou no metrô, penso no que você está fazendo. E em como seria se você estivesse comigo. Às vezes eu queria ficar um dia inteiro na tua cabeça.
Sinto que nunca fui quem eu queria ser. Sou várias poses. Eu até me adapto bem ao ambiente. Mas eu não sei...

Todos meus sonhos estão se desfazendo de uma forma estranha. E eu me tornei algo muito sujo que pensei que nunca me tornaria. Hoje a gente julga o jeito de agir mas amanhã a gente age igual. Tem uma garota na minha sala que eu gostava de chamar de puta. Hoje eu não falo mais nada. Me calei da pior forma que pude.
Eu penso também em que tipo de mãe eu queria ser. Mas eu não sei onde isso vai. Tudo o que eu amo vai embora. Ou eu mato. Você quis ser pai?

Eu queria saber quem sou. Eu queria sentir tua respiração. Eu queria ser todas as histórias do mundo, e é por isso que eu leio. É por isso que dói. As pessoas acham a coisa mais linda do mundo eu ler, Isma, mas dói. É a coisa mais triste do mundo.

domingo, 4 de novembro de 2012

Como vim parar aqui?

Hoje eu posto de um lugar diferente, sem um pedacinho do meu corpo e com pedaço da minha alma igualmente rompida. Agora é diferente e as coisas só ganham significado quando eu as trago para cá.

Também quero dizer antes de começar, que hoje escrevo sem ler nada do que é dele.



"Como saber se tenho um sangramento interno?"
"Dá para sentir", ele respondeu.

Não, não estou sangrando. É só que hoje uma lembrança do que era ele voltou. Eu tive vontade de vê-lo mais uma vez. Mas já passou. Eu pensei que meu antigo sangramento não ia parar nunca, mas parou. O dele nunca para de sangrar. Eu sabia fazer minha dor passar. Ele nunca vai achar a própria resposta. Só ele existe.

Sou meus próprios bocejos cansados e preguiçosos. Continuo lamentando quando acordo, e isso é até certo ponto, preocupante. Mas nada realmente importa. Perto da imensidão do universo, faz realmente diferença se eu levantar daqui ou não?

Tenho alguns ataques muito curtos de pânico quando vejo que não sei o que será de mim. Não sei se realmente é pânico, pois dura segundos. Mas em mim não passa tão fácil.

Agora é diferente. Eu não sei se sangro, porque não dói mais (será?). Agora é diferente. Os livros fizeram de mim algo muito outro do que eu era. Até meu amor por livros mudou. Porque até o amor dentro de mim, mudou.