segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Metade azul.

Eu quis voltar, só não sabia como. Quanta coisa aconteceu... Mas contar o que?
Que Newton fez de mim apenas mais uma? Que sou engolida pelo tempo? Que tenho cada vez mais raiva de pegar ônibus? Que esse foi o inverno mais quente que existiu pra mim? Malditas árvores de que não tem mais.
Minha mãe perdeu a irmã e agora cuida de mais um filho que não teve. E me fizeram perceber que ela não recebeu abraços meus. Nem de pêsames, nem de parabéns. Nem de nada.

Mateus e eu ficamos longe fisicamente aos poucos. E dói quase que fisicamente, também. Mas ele é minha maior prova de que estar perto não é físico.

E estar longe também não. Porque eu parti do meu namoro. Não gosto de deixar ninguém falando sozinho, mas faço pior. Eu os deixo sentindo sozinhos.

Agora espero ter espaço pra crescer. E Luminiscência, muita, muita.
Porque o garoto da outra metade é tudo que eu não sou. E isso me admira, me atrai, me quer. Porque ele é a parte boa de todas as coisas que eu nunca quis ver.
Ele me faz querer viver, por mais contraditório que isso seja saindo da minha boca.
E ele faz silêncio.
E um barulho enorme em mim, enorme.